terça-feira, 30 de março de 2010

Tudo muda na vida. Menos uma Paixão.

Ontém em meio da chuva recorrente, resolvi parar no meu atual cinema preferido da capital paulista, o Reserva Cultural. Lá, além de filmes difíceis de serem encontrados no circuito nacional de estréias, podem ser encontrados também os mais comentados do Oscar, como nesse caso um filme argentino, um primo próximo (geografica, porém não cinematograficamente): "O segredo de teus olhos" (El secreto de sus ojos - 2009), com direção primorosa de Juan José Campanella, a partir de roteiro do mesmo e Eduardo Sacheri, baseado em livro de Eduardo Sacheri.

Esse é um daqueles filmes completos (há humor, suspense, romance, drama, ação), não consigo imaginar alguém que possa não se apaixonar, ou pelo menos emocionar-se com ele. Uma sequência, clichê a priori, abre o filme com uma bela mulher correndo atrás do trem onde está o seu amado, apenas conseguindo, do lado de fora, juntar sua mão à mão dele sob a janela. Esse começo mostra-se pertinente no final, e do começo ao fim somos cativados pela história de Benjamin, sua amizade deliciosa com o adorável bêbado Sandoval e por seu amor profundo e impossibilitado, não tão dramaticamente, mas apenas pelas circunstâncias, pela heroína moderna, Irene (Soledad Villamil).

Benjamin (Ricardo Darín) e Sandoval (Guillermo Francella) são oficiais da justiça, eles trabalham com burocracia, estão sempre literalmente em meio aos papéis empoeirados, e costumam ficar insensíveis aos casos com os quais lidam todos os dias, até o dia do estupro e assassinato da jovem Lilliana, quando Benjamin, à contragosto é chamado para olhar o caso. De repente ele parece acordar de uma vida amorfa ao ser tragado pela impunidade de um crime desse tipo, e pelo respeito que sente pelo amor do viúvo, que ele nutrirá por essa esposa morta até o fim, um amor intenso, como diz o próprio Benjamin, que se vê através dos olhos. Uma premissa da trama é guiada pela idéia de paixão e em como ela nos guia durante toda uma vida por ser imutável.


Cinemão dos bons!Valeu o Oscar de melhor filme estrangeiro, e por que não, de Melhor Filme do ano e ponto.

Ver também um outro indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro: A fita branca (Das weisse Band: Eine Deutsche Kindergeschichte - 2009, do literal, "A fita branca- uma história alemã sobre crianças). Direção do polêmico diretor austríaco Michael Haneke. Um filme genial que se passa em um tempo que antecede a primeira grande guerra, todo em fotografia P&B, que ilustra as raízes pedagógicas do que viria a se tornar a nação responsável pelo holocausto.

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