segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Maturidade/auge de Leo Di Caprio, filme de autor de Christopher Nolan

Leonardo Di Caprio sempre entregou bem suas encomendas artísticas, desde muito novo, quando ele era o galã da minha adolescência, com Titanic, sempre com esse rosto delicado de garoto travesso. Coincidentemente assisti no mesmo fds a dois filmes dele, somente comprovando esse bom momento em que ele se encontra, o tal do auge, em sua maturidade como ator, galã, e homem do cinema, um dos mais importantes da nova geração.
Leonardo Di Caprio é na verdade apenas uma pequena parte de todo esse empreendimento artístico e criativo que é, no mal traduzido português de sempre: A Origem ("Inception" - 2010), com argumento, roteiro, direção, de Christopher Nolan. Alguns pretendem comparar o filme ao ícone "Matrix" (1999), outros acharam o filme fraco, desde roteiro, até atuações. Eu, com a minha humilde opinião e gosto, levando em consideração expectativa, humor no momento, necessidade emocional, concordo mais com os primeiros. Digamos que eu acho sim, que chegue (veja bem), aos pés de Matrix. É também um tipo de filme sobre o qual não se pode comentar muito, correndo o risco de estragar (spoiler), o filme de quem ainda não o assistiu. Um roteiro muito bem acabado, literalmente, por Christopher Nolan, levando em consideração o peso do climax, o "fechar com chave de ouro", além do desenvolvimento à altura, atuações boas, não diria espetaculares, algo que salte muito aos nossos olhos, mas muito talvez pela característica de Nolan, e sua direção mais exata, direta, sem muitas firulas. Marion Cottilard (Piaf um hino de amor - 2007) pode ser resumida como diva, com uma presença poderosa, graças também ao figurino impecável. Ellen Page, eternamente Juno (2007), não fica devendo nada aos veteranos e temos também o tradicional ator de comédias românticas Joseph Gordon-Levitt (500 dias com ela - 2009), que também segura o papel de "coadjuvante" importante. Um detalhe interessante do filme, fora os efeitos, história mirabolante, e a ação, são os refinados toques de humor, que sempre dão aquele tchan pra coisa.
Eu dou nota 8 e indico pra todos, principalmente que assistam à "Inception", inserção na tradução correta, na telona.

O outro filme com o Di Caprio foi "Ilha do medo" (Shutter Island - 2010), com direção do mestre Martin Scorcese, com roteiro de Laeta Kalogridis, baseado em livro de Dennis Lehane, o mesmo autor dos livros que inspiraram os filmes "Sobre meninos e lobos" (Clint Eastewood - 2003) e "Medo da verdade" (Ben Affleck - o próprio - 2007).

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Eu x Alain Resnais

Para nós bons admiradores do Cinema Arte e ao que já se infere disso, dos franceses, quando assistimos a alguma de suas obras, sentimos uma certa "obrigação" de gostar daquilo, por que os caras são gênios consagrados, laureados de glórias, enquanto nós continuamos a nos contentar com um ou dois DVDs por semana, um blog sem grandes pretensões, e algumas conversas de bar, nós aqui, os atrasados do Brasil. Dentro de toda essa complexidade artístico cinematográfica e subjetiva, aluguei "Medos privados em lugares públicos" (2006), com direção de Alain Resnais, e roteiro de Jean-Michel Ribes, baseado em peça teatral de Alan Ayckbourn. Sentei no meu sofá, peguei uma xicara de chá e comecei a assistir ao filme na quarta a noite. Vinte minutos....mais um pouco..e depois de piscar pesadamente os olhos três vezes, resolvi tentar no próximo dia. Quinta-feira, mais dez minutos, sono, cansaço, fui dormir. O filme possui aquela característica já tida como "europeia" da ação guiada pelas personagens, aqueles diálogos frequentes, encontros, desencontros, digressões, etc. Ele tinha também um detalhe peculiar, na edição de imagens. Como se passa no inverno parisiense, TODA transição de cena, ao invés do tradicional corte seco dos filmes contemporâneos - aquele corte que nem parece corte, por que apenas junta cenas imperceptivelmente -tinha a neve caindo em troca, isso mesmo, neves caindo levavam uma cena a outra....Mas, pensei comigo, é um filme de Resnais, o diretor de Hiroshima meu amor, um filme ícone do pós Guerra, genial, eu precisava tentar mais.
Voltei para a minha cidade do interior, aconcheguei-me no grande sofá da casa dos meus pais, e coloquei novamente Resnais, confiante na Arte, e dessa vez eu dormi ali mesmo. Decidi que não tentaria mais ver o filme. Mantive-me firme em minha convicção e senso crítico e pensei comigo mesma: "Puta filme chato!"

Um Resnais que vale a pena: "Hiroshima meu amor" ("Hiroshima mon amour" - 1959), com roteiro de Marguerite Duras. Sobre um romance relâmpago entre uma francesa e um japonês, ambos casados. A paixão, a nostalgia e o caos pós guerra se misturam nesse diálogo amoroso transcendental.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Não tem erro - Almodóvar

Pra variar aluguei mais filmes do que eu poderia em relação ao tempo hábil para assisti-los, e ontém cansada depois de natação, trabalho e curso, fui certa na melhor escolha para o momento, um bom e velho Almodóvar. Dizem que precisamos nos surpreender com frequência, explorar o novo, e todas essas receitas ditas e reditas...Eu pessoalmente sinto um conforto imenso ao lançar mão do velho lugar comum, do terreno conhecido,(tudo isso no bom sentido), o que no cenário cinematográfico se resume em Woody Allen, Tarantino, e como na noite de ontém, ao espanhol mais quente de todos Pedro Almodóvar. O que gosto nesses caras é a sua autenticidade, eles são a personificação do que costumamos nos referir ao dizer "Eles não sabem brincar". Ele se encontram talvez em outra dimensão, outra história, não tem comparação...podemos apostar neles, que o resultado vem, e o engraçado é que eles dizem e redizem as mesmas histórias e personagens, apenas com algumas mudanças de foco, criando arte atrás de arte. Em Almodóvar, nesses tempos de metrópole, congestionamento e o tempo quase nulo no lar, me agrada a duração de seus filmes, que não saem muito dos 90". As cenas costumam ser curtas, e invariavelmente trágico/excêntrico/cômicas, não tem como se entediar. Você pode esperar ver freiras e tigres, sadicos adoráveis, travestis doces, drogados familiares, e tudo o mais na barca almodovariana. Dessa vez, em Ata-me! (Átame! - 1989), com direção e roteiro do próprio, temos Antonio Bandeiras moleque no papel de mais um adorável louco de Pedro Almodóvar, o herói que vai do patético apaixonado ao amante caliente. Em síntese, um orfão que sai do hospício e é apaixonado por uma atriz pornô drogada e a sequestra para fazê-la se apaixonar por ele. De resto mais um pouco do delicioso previsível Almodóvar...