quarta-feira, 10 de março de 2010

"Finais felizes"

Assisti, há pouco, à dois filmes que já saíram do roteiro das salas de cinema e que quero citar como exemplos de finais "felizes".Por felizes não me refiro ao "happy end", ao "felizes para sempre", mas sim a essa alternativa difícil de ser alcançada nas projeções, o final que foge do açucarado happy end, porém sem nos deixar a ponto de cortar os próprios pulsos.

Esse felizes para sempre, especificamente a promessa de felicidade eterna para os protagonistas da história, sem dar muita atenção aos coadjuvantes, tornou-se algo uncool, se é q podemos pensar dessa forma. Além de clichê (pq sempre rola aquele comentário cético no final "lógico que eles se apaixonam..."), ficou meio brega, vazio. Lógico que é uma delicia ver o mocinho e a mocinha se dando bem, rola aquela esperança pra nossa própria vida, o alimento do bem que o cinema nos fornece. E o filme tbm não se trata somente do final, ele tem todos os mais ou menos 120 minutos para nos entreter até que o inevitável aconteça. E então, depois de falar tanta novidade, penso que o filme é um produto como outro qualquer, vamos ao "supermercado" em busca de risadas, de good feelings, muitas vezes também de muito choro, tristeza, terror e adrenalina e assim vai.

Eu pessoalmente vivo contradições, meu intelecto sempre grita a favor do final realista, muitas vezes triste e penoso como é a realidade, mas meu coraçãozinho insiste em querer a felicidade pra todos, ou pelo menos uma faísca de esperança para aquele protagonista que aprendemos a amar no decorrer do filme. Esse cara se torna nosso filho/marido/amante/herói/pai/irmão, não queremos que ele se dê muito mal.

- Olha ele aí, Clint lindão.



Para o bem da minha sanidade, deparo-me com filmes como Gran Torino (2009) do melhor diretor do mundo, Clint Eastwood, e 500 Dias com Ela (500 of Sommer - 2009) de Marc Webb.
O primeiro merece um momento de silêncio e de respiração profunda para conter a minha paixão e admiração fulminantes pela figura de Clint Eastwood. O cara está beirando os oitenta anos, e ainda mantém a pose soberba e elegante de galã (em seus 1,90m), como poucos hj em dia. Dirigido, produzido e estrelado pelo mesmo, Gran Torino é uma grata supresa, principalmente por fazer juz a maior qualidade de seu diretor: a não pretensão. Ele usa enquadramentos simples e nada de cortes e closes interativos. Com ele a história flui poderosa de mãos dadas com seus personagens. E Gran Torino mostra o auge da experiência desse artista completo que é Clint Eastwood, generoso no seu bate bola com os “Chinas” com os quais interpreta. O personagem é um sujeito turrão que vai nos conquistando desde o primeiro momento, por não partilhar dessa hipocrisia e jogo de aparências social. E o final, fica por conta dos que assistirem, grandioso e eloquente como os verdadeiros "finais felizes."

O segundo, uma comédia romântica não convencional, em uma linguagem colorida (lembrando um pouco O Fabuloso Destino de Amélie Poulain - 2001), já compromete-se desde o principio em não contar uma história de amor. Ela Ilustra o encontro de um casal, Tom ( Joseph Gordon-Levitt), o rapaz que sonha com um amor pra toda a vida e Summer (Zooey Deschanel), a mesma do título (cujo nome rende bons trocadilhos, fica a dica pra quem quiser assistir), a moça moderninha, avessa à relacionamentos sérios e muito menos às suas denominações taxativas e pesadas. Realmente não se trata de uma história de amor, e esse outro "feliz" final nos conta sobre o que trata realmente a história.

Já que citei, vai ai a dica básica para cinéfilos e apreciadores de cult atemporais de plantão. O francês: O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (2001), direção de Jean-Pierre Jeunet, estrelado pela eterna Amelie Poulin, Audrey Tautou.

E o maior filme de Clint Eastwood, um dos top 10 da minha lista de melhores: Sobre meninos e lobos ((Mystic River - 2003), sobre dor, vingança e cicatrizes que não se curam. Atuações milagrosas do meu amor, Sean Penn e roubando a cena: Tim Robbins.

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