quinta-feira, 22 de julho de 2010

Mais um filme de Meryl Streep




Falando em clichê (ver post anterior), segue um dos maiores do cinema atual: Meryl Streep fez um filme ótimo e arrasou. Temos em Simplesmente Complicado (It's Complicated - 2009), com direção e roteiro de Nancy Meyers (a mesma diretora/roteirista de "Alguém tem que ceder - 2003), um filme delicioso e com um tema inovador, por ser uma comédia romântica protagonizada por sexagenários...Meryl Streep, Alec Baldwin (o mais velho do clã Baldwin) e Steve Martin, todos dando aula de interpretação, comédia, e por que não, charme e sensualidade. Um brinde ao cinema que sai do lugar comum, que discute problemas contemporâneos e ainda tem fôlego para entreter. Além de todos os requisitos acima citados, o filme brilha pelo mais importante de todos, ele é despretensioso. Vivemos nesse filme a pós vida já reerguida de uma divorciada, que se redescobre como mulher, profissional, mãe e principalmente nessa leitura: amante. O constante mito da juventude, da velhice, que vimos durante os tempos, limitações e neuras que literalmente criamos, caem por terra.

Ver também Alguém tem que ceder (Something's gonna give - 2003), roteiro e direção da mesma Nancy Meyers, com Diane Keaton e Jack Nicholson, e mais sexagenários e os benesses democráticas do amor.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Clichê?

Woody Allen consegue criar a ilustração perfeita de um delicioso auto-clichê, a alegoria dele mesmo, e de tudo que ele já foi durante todos esses anos de carreira. Os sábios pregam o aprender "a rir de si mesmo", com Woody Allen isso toma proporções faraônicas, para a nossa felicidade.
Um homem hipocondríaco, genial, mal humorado, obcecado pela idéia de morte e com um milhão de teorias: eis o típico herói de Woody Allen, muitas vezes interpretado pelo próprio, ele se confunde com o seu alter-ego, ou quase não se separa dele. Com ele, a ironia seguida de sarcasmo, que segue ainda com humor negro, se auto-define constantemente através da repetição. Em "Tudo pode dar certo" (Whatever works - 2009), ele volta depois de seis anos para New York, e nesse filme tardiamente lançado aqui no Brasil, eu vejo um dos diretores/roteiristas/atores mais genial dos nossos tempos gritando na nossa cara, nova e repetidamente toda a sua idéia de Deus e religião, do amor, do sexo, da sociedade e tudo o mais que há (se é que existe muito mais que isso), e depois de repetir tudo isso para nós, como diria o seu interprete nesse caso, o rabugento Boris Yellnikoff por Larry David, "larvas, lagartos imbecis e cabeças oca", ele deixa a lição: é tudo muito simples, tudo se arruma, por que enquanto procuramos a felicidade perfeita, com todas as nossas fórmulas pré determinadas e moldadas sabe-se lá por que e quando, o acaso se encarrega de ajustar tudo e na maioria das vezes, da forma mais irônica possível. Ironia dentro de ironia, Boris ensina sua pupila e esposa Melodie St. Ann Celestine por Evan Rachel Wood a evitar clichês, mas se encanta após ouvir mais um deles e perceber que um clichê muitas vezes é exatamente aquilo que se precisa ouvir.


Ver também: Hannah e Suas Irmãs ("Hannah and her sisters"-1986), Mia Ferrow é Hannah, uma mulher perfeita, em torno da qual todos giram, em uma história também novaiorquina sobre o sucesso e como ele incomoda.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Isso aconteceria aqui?

Um filme que conta a história verídica de um experimento contemporâneo com alunos do ensino médio, em que um professor entusiasta, na figura de líder, cria um mini-regime ditatorial (autocrático), denominado "A Onda". No começo os alunos, tais como quaisquer alunos adolescentes, não levam a sério, e o encaram como um tipo de jogo para sair da rotina, no decorrer do filme assistimos à sedução real e atual que o totalitarismo, a dinâmica de grupo e consequentemente a sensação de pertencimento podem fazer ao discernimento humano e moral. "A Onda" (Die Welle - 2008), com direção e roteiro: Dennis Gansel, como se vê pelo nome original, é um filme dos bons, alemão.





Assisti a esse filme em uma espécie de êxtase, e também firme na tentativa de não julgar essas personagens que nos são apresentadas, apenas me perguntando muito, no decorrer e depois do filme, como eu, pessoalmente reagiria a uma clima como esse. É algo que realmente não podemos saber. E ainda, no âmbito nacional, me perguntei se um movimento como esse, retratado no filme, iria para a frente. O filme é alemão, e eu naturalmente (ou preconceituosamente), pensei que esse povo poderia ter talvez etnicamente, uma propensão maior à simpatizar com algo do tipo. Pesquisando a história real de todo esse experimento genial e perigoso, descobri que ele aconteceu na verdade nos EUA, na ensolarada Califórnia, logo aqui em cima, na America do Norte. O filme alemão é um remake de um filme americano produzido para a televisão, "The Wave" - 1981. Acredito que muito pela eterna sina nazista que a Alemanha carrega, esse filme - Die Welle - escancara que também todos nós, apenas sendo humanos, podemos ser cruéis, e sob esse ponto de vista, torna o Holocausto crível, palpável, e por isso ainda mais assustador.

Para saber mais sobre "A Onda" - www.thewave.tk
"In 1967, at the Cubberley High School in Palo Alto, California, World History teacher Ron Jones was asked about the Holocaust by a student. 'Could it happen here?'"