sexta-feira, 24 de maio de 2013

Por que o Paul Thomas Anderson é tão foda?



Por que eu sou “Embriagada de amor” (trocadilho infame), por Paul Thomas Anderson? Era o que eu tentava elaborar após assistir a seu último filme empreendimento, “O mestre” (2012), com Philip Seymor Hoffman, Joaquin Phoenix e Amy Adams,atores maravilhosos que ficam ainda melhores ao proclamar o texto e serem guiados pelo mestre Paul. Comecei a pensar por partes, em todo o processo de criação, em toda a construção dessas obras de arte, primeiro no roteiro que ele tão carinhosamente escreve para todos os filmes que dirige. Carinho mesmo é a palavra, você consegue perceber que ele realmente se debruçou sobre cada uma das cenas, você as sente orgânicas na tela, com veias saltando. Os personagens construídos são invariavelmente marginais, desde os profissionais de pornografia de Boogie Nights, ao herói mau e auto destrutivo de Daniel Day-Lewis em Sangue Negro, ou o guru do sucesso metrossexual de Tom Cruise de Magnolia. Eu que já normalmente me sinto emergida no universo dos filmes, em relação ao tempo, ao mood e à paisagem, nos filmes de Anderson sinto-me como que usando a pele dessas pessoas fictícias assustadoramente palpáveis. Foi novamente o que eu senti assistindo a “O mestre”, um filme sobre a trajetória de personagens sem arco, sem mudança de caráter, mas não por isso menos intrigantes, asquerosos e ao mesmo tempo adoráveis. A pergunta talvez não seria por que ele é tão foda, mas sim: como? Acho que eu nunca vou saber, então fiquemos com as palavras e dicas do próprio: “Screenwriting is like ironing. You move forward a little bit and go back and smooth things out.”

Eu costumo indicar um filme em especial do diretor/autor em questão,mas nesse caso eu sugiro guardar um dia da sua vida para cada um desses filmes. Eles são longos e intensos, por isso aproveite cada minuto da projeção.

Roteiro e direção Paul Thomas Anderson:
Boogie Nights (1997) - Mark Wahlberg é um ator pornô prodígio super dotado
Magnolia (1999) - histórias que se cruzam na loucura da causalidade da vida
Embriagado de Amor (2001) - Adam Sandler no papel que ele nunca interpreta
Sangue Negro (2007) - A trajetória de um monstro do petróleo - por Day Lewis
O mestre (2012) - Indicações acima citadas