sexta-feira, 5 de março de 2010

Jason Reitman e os anti-heróis contemporâneos

Continuando o assunto corrida para o Oscar, abordo hoje mais um dos grandes indicados às categorias mais importantes: "Amor sem escalas" (mais uma vez enfatizo a minha digamos, implicância com a tradução dos títulos gringos para o português, do original: "Up in the air" - os "tradutores" responsáveis têm essa mania de enfiar a palavra amor em qualquer título que apareça!).

Nesse filme encontramos a fórmula: George Clooney, interpretando no seu jeito simples de ser, um tipo Clooney adaptado, cativante e preciso. Temos o canadense Jason Reitman (Juno e Obrigado por fumar), na direção, sempre cool, antenado e direto na ferida dos preceitos básicos de conduta social. A jovem Anna Kendrick (a amiguinha da Bela em Crepúsculo) em seu papel revelação da vida e uma Vera Farmiga (Os Infiltrados) que rouba a cena do filme, ambas indicadas ao Oscar para atrizes coadjuvantes.

A história é uma adaptação (bem como Preciosa), do próprio Reitman e Sheldon Turner do livro de Walter Kim. Nela adentramos no mundo de Ryan Bingham (Clooney), um profissional que sobrevoa (vide o nome original do filme), o país todo como consultor para despedir pessoas. Ele é em suma um anti-herói comum aos personagens de Reitman, como Nick Neylor de Obrigado por fumar e Juno. Os imperfeitos realmente cativantes do Cinema atual. Ele não se apega às pessoas, é totalmente afastado da família, e prefere relacionamentos superficiais. Tudo começa a mudar quando seu mundo é posto à prova por meio da jovem personagem de Anna Kendrick, oferecendo um novo sistema de videoconferência na demissão das pessoas e contenção de custos. Ele então propõe um desafio a ela, para que o acompanhe em suas viagens e participe do dia a dia dessas pessoas desesperadas.Gosto especialmente, em uma cena de pré embarque, quando ele fala pra ela, ao acusá-lo de racista, que "estereotipar é mais rápido". É claro que no meio do caminho, não exatamente nessa ordem, ele conhece Alex, sexy, independente, como que ele próprio de saias. E é também o momento em que, além de ele questionar seus valores pré-moldados em relação ao trabalho, ele também começa a questionar suas escolhas amorosas, pesando as reais qualidades da vida sem companhia. E ai temos o mote do filme. "A vida é melhor quando se está acompanhado."
Um bom filme em todo o seu percurso, uma grata experiência e o que é melhor, uma divertida experiência. Faltando um certo quê de Preciosa. Não falo mais para não estragar.

Para ver Jason Reitman em sua melhor forma, em seu filme de estréia: "Obrigado por fumar" 2006 com Aaron Eckhart genial na pele de Nick Naylor, nada mais nada menos, que o porta voz da Industria de Tabaco Americana. Em seu ponto alto no fim, aconselha o filho que para fazer certos tipos de trabalho, é preciso ter uma "moral flexível".

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