quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Uma adaptação feliz

Jack Kerouac, Allen Ginsberg e claro, Neal Cassady. Esses são os personagens reais do romance ícone da chamada geração beat: "On the road". Sal Paradise alter ego de Jack o autor, é o narrador que mais observa que participa, o seguidor dos loucos, dos inconformados, aquele que foge do tédio das opiniões formadas, do status quo. Mais do que o livro, acredito que o próprio Jack Kerouac, apesar de não se considerar como tal, foi a maior voz dessa geração que não conseguia se encaixar no estilo paz e amor,ou muito menos na turma dos engomadinhos da década da segunda metade do século XX. Difícil não ter empatia com esses tipos perdidos, quase crianças inocentes se não fosse pelo tanto de sexo que faziam entre si. Eles tinham fome pelo esclarecimento e tentavam descobrir entre si e pelas forças da natureza que são os seres humanos, e encontrando à despeito disso, a realidade de um mundo que precisa de dinheiro, de cama, de banho e de comida. Assisti ao filme "Na estrada" (2012), com ótimo roteiro adaptado de José Rivera, com direção do brasileiro Walter Salles, um nome justo em se tratando de estrada, diretor do, na minha opinião, melhor filme brasileiro de todos os tempos "Central do Brasil", e também da história de Che Guevera na transição de sua vida de médico para guerrilheiro em "Diários de motocicleta". Importante contar que eu acabei de ler o manuscrito original traduzido para o português, e eu tenho esse costume de ficar obcecada por histórias, ainda mais as adaptadas para filmes, o que eu considero um trabalho quase, ou às vezes, até mais difícil que produzir um roteiro original. Há poucos casos em que a versão para as telonas se compare ao que a nossa imaginação lê, mas em On the road acredito que todos os fatos e a essência do livro foram retratados com eficiência no filme. Os personagens coadjuvantes fizeram sua parte e marcaram no elenco de apoio, temos Kirsten Dunst, Amy Adams, Viggo Mortensen, até mesmo Steve Buscemi maravilhosos e bem caracterizados, mérito do diretor dos atores, mesmo que em poucas cenas no filme, fora os protagonistas Sam Riley, Kirsten Stwart e o excelente Garrett Hedlund, na pele do persoangem de Neal Cassidy, o anjo caído, o anti- herói sofrido e galã, Dean Moriarty. Fiquei triste e melancólica ao terminar o livro. Aconteceu o mesmo ontem ao terminar depois da projeção. Isso é uma boa adaptação, sem dúvidas.