quarta-feira, 30 de março de 2011

Retrospectiva Cameron Crowe

Esse é um cara pouco cultuado, não chega nem perto do prestígio de um Tarantino, ou da excentricidade de um Lars Von Trier...Pelo contrário, Cameron Crowe, um puta cara precoce e talentoso, faz filmes divertidos e com conteúdo. Você pode já ter assistido a um filme dele, e nem ter dado muita atenção cinematográfica, pensando tratar-se de mais uma sessão da tarde. Ele coloca tudo que procuramos para entreter, risadas, amor, ação, e música, muita música da melhor qualidade. Mais que todo esse conjunto para o lazer, Cameron retrata essa época. Os personagens são deliciosos de maneira particular, e tudo com esse tom cool característico de um cara que praticamente nasceu no rock. Cameron Crowe começou aos 16 anos como reporter da Rolling Stone, escreveu sobre os maiores astros da música pop, e contou tudo isso sob a perspectiva de um garoto super protegido pela mãe em Almost Famous – o Quase Famosos de 2000, que nos deleita com a sua autobiografia, frases e cenas inesquecíveis, e muita música de qualidade. Nessa fase ele já era muito respeitado como diretor e roteirista por causa de Jerry Maguire de 1996, onde assistimos pela primeira vez com ele, a uma versão contrária da saga do herói, com um Tom Cruise que começa no auge com a mulher perfeita e bem sucedido, e por causa de uma escolha diferenciada, de um texto mais particularmente, vai se ferrando na grande caminhada para a verdadeira e simples felicidade ao lado (da incipiente atriz na época), Renée Zellweger, e de um novo grande amigo Cuba Gooding Jr (mais um dos personagens delicia).
Um ano depois de Quase Famosos, ele lança o remake do filme espanhol Abra los Ojos (1997), Vanila Sky, mais uma vez com Tom Cruise no papel de outro herói decadente, e uma viagem surreal dentro da própria vida, co-estrelado por Penélope Cruz e Cameron Diaz. Muitos preferem a versão original, eu fico com a americana de Crowe e seu tempero/ritmo pop.
Pra terminar, em 2006 vem Elizabethtown (Um lugar chamado Elizabethtown), que é o filme que menos agrada, mas pra mim um filmão. Com Orlando Bloom, do jeito que Crowe gosta, o protagonista que se ferra logo no começo por criar um fiasco, e na tentativa de suicidio recebe a noticia da morte do pai, o que o faz voltar contra a vontade para a sua cidade natal homônima. No caminho ele conhece uma adorável Claire de Kirsten Dunst, mais uma clássica e apaixonante mocinha de Cameron Crowe, assim como a Penny Lane de Kate Hudson em Quase Famosos, elas são loiras e muito charmosas, mas também independentes, musicais e com muita personalidade. Não preciso dizer o final, mas com esse diretor, temos tudo menos uma comédia romântica água com açucar.


terça-feira, 1 de março de 2011

And the Oscar goes to...



O Discurso do Rei (2010 - The King's Speech), tem direção de Tom Hooper e roteiro original de David Seidler, e é baseado na história real do Rei George VI, o pai da rainha da Inglaterra Elizabeth. Esqueça as faraônicas histórias da realeza, os casos extraconjugais bizarros e as guerras, esse filme trata de um constrangimento pessoal que se torna público, a gagueira de um principe e futuro Rei. Sentimos fundo a humilhação por não conseguir falar, o desconforto alheio por esperar que o outro fale, e o principal, sentimos empatia pelo herói, esse esnobe britânico que viria a ser rei e 'turns out to be just like us". Sob um enfoque específico dentro de um período pré 2a Guerra Mundial, conhecemos o dia a dia do duque de York (Colin Firth), sua devotada companheira (Helena Boham Carter) e suas duas filhas. Se a história foi romanceada e idealizada, diriam os críticos, bom pra nós espectadores, por que assistimos a um adorável lar nobre em contraponto com outro adorável lar plebeu, representado pelo patriarca Lionel Logue (Geoffrey Rush). Essa produção independente com orçamento de 15 milhões de dolares, baixo para os padrões hollywoodianos, segue uma dinâmica que funcionaria em um palco de teatro, onde três ou no máximo cinco atores interagem, mesma coisa que acontece em Closer (2004). É preciso ter um roteiro coeso e interassante para segurar um longa metragem nesses padrões, e esse filme consegue essaa proeza no bate bola dos protagonistas "Burtie" carinhosamente chamado pelo talentoso e sem formação formal Lionel Logue, que o ajuda a desfazer-se de suas amarras psicológicas para bem falar/discursar, muito mais em um jogo psicanalitico da cura através da fala, que em uma sessão de fonoaudiologia.
Há muitos anos no ramo, conquistando prestígio no papel do adorável inglês apaixonado das comédias românticas (ainda como marido da querida Bridget Jones), Colin Firth tem conseguido nos últimos tempos, mais espaço exercendo seus talentos dramáticos até o Oscar consagrado como melhor ator esse ano. Vale um comentário especial para o personagem e consequentemente para a atuação de Geoffrey Rush como o depois amigo Logue, e que ficou famoso no papel do excêntrico David em Shine de 1996, filme que eu particularmente não gosto muito...


Assistir também Direito de Amar (A Single Man - 2009), dirigido pelo estilista/fotográfo/popstar e diretor estreante Tom Ford, com roteiro do próprio em parceira com David Scearce, baseado em livro de Christopher Isherwood. Tem também a diva Juliane Moore. Sobre o luto de um professor com vida profissional mediocre com saudade da vida amorosa e gay extraordinária. No começo não me conquistou, mas foi mostrando coisas novas no decorrer da projeção. Não é preciso nem comentar o figurino deslumbrante.