segunda-feira, 28 de junho de 2010

Bons tempos...




Robin Williams e Goood Morning Vietnam!!!



e Tony Manero, lindo, embaixo.

Os velhos (e não muito bons), referenciais

Vou falar de um filme que eu não gostei. Não gosto mais de tachar filmes como ruins, mas o filme em questão mexeu com dois dos meu bons referenciais do Cinema, e deve ser pelo motivo de querer o melhor pra eles, que eu não gostei desse filme. Os produtores de "Surpresa em dobro" (Old dogs - 2009), direção: Walt Becker e roteiro:David Diamond e David Weissman (nem sempre duas cabeças pensam melhor que uma), fizeram algo lindo, eles juntaram Robin Williams – Patch Adams, A Babá quase perfeita, Bom dia Vietnam!, um puta cara genial, que brilhava nos stand up comedy antes de Danilo Gentili pensar em nascer - e John Travolta – Saturday Night Fever, Pulp Fiction, um dos maiores galãs do nosso tempo, um cara que com 20 e poucos anos nas costas, em seu filme de estréia abriu novos precedentes de atuação (bem como Marlon Brando), e até hoje me arrepia com seu Tony Manero dançando nos 70´s. Robin e John me envergonharam. Nesse filme de comédia, com roteirizinho fraco, que até funcionaria com atores menos importantes, e que têm uma responsabilidade menor sobre o seu legado, mas não eles...Nesse filme, subjugados, eles interpretam dois homens da sua idade, melhores amigos, tentando conquistar duas crianças (uma delas, filha real de John), na ficção, os filhos de Robin Williams com Kelly Preston (a mulher de John na vida real), que ele descobre depois de sete anos. Com alguns truques baratos e pouco inteligentes para arrancar risadas, Surpresa em Dobro é "pretty much that", com dois astros...Eu esperava muito mais deles.

E continuando no quesito decepção, temos Sandra Bullock, cujo talento não é diretamente proporcional ao bom gosto para escolher seus filmes (em especial as continuações fracas, "Miss Simpatia 2", "Velocidade Máxima 2"). O filme, o pior que eu assisti nos últimos tempos é: Maluca Paixão (All about Steve - 2009), direção de Phil Traill e roteiro de Kim Barker, estrelando Bradley Cooper (do genial "Se beber não case" - Hangover), ainda um galã em ascensão que não devia fazer filmes desse tipo...enfim, o Oscar dos piores do ano lembrou-se dos dois filmes, Framboesa de Ouro para pior atriz: Sandra Bullock (no mesmo ano em que ela ganhou o Oscar de melhor atriz, complexo não? E ainda uma indicação, dentre outras, para John Travolta, como pior atuação da década.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

A mais doce das Nostalgias

A nossa infância é algo que pensamos reconhecer muito bem, por que claro, nos a vivemos. Mas na verdade o que nos resta é um passado estranho que ficou, quando ainda possuíamos imaginação sem limites, nenhuma preocupação e todas aquelas coisas boas dessa época de formação que fica inevitavelmente pra trás.
Eu tinha 10 anos de idade quando assisti à animação Toy Story em 1995. O filme da Disney foi uma revolução na época, produzido inteiramente no computador, algo comum nos dias de hoje, mas lembro-me claramente do cinema que eu estava, lá no interior paulista, cinema que nem existe mais, e lembro-me da emoção e do entusiasmo que senti quando assisti a esse filme,e de como eu me apaixonei por aquelas personagens fantásticas.



15 anos depois, aqui na cidade grande, muita coisa mudou. Toy Story 3 (2010), com direção de Lee Unkrich e roteiro de Michael Arndt, vem acompanhado dessa sensação de que o tempo passou. Uma sensação, diga-se de passagem, maravilhosa. A palavra nostalgia passa pela nossa cabeça, mas ela toma uma proporção jamais sentida. A Pixar (agora dona da Disney), vem com todos os ingredientes a que estamos acostumados: efeitos impecáveis, trilha, visual maravilhoso, mas o ponto forte desse filme mesmo é o roteiro. A construção de personagens impagáveis, profundos, sombrios, coisa pra adulto ver. Eu dou um crédito especial ao personagem do Ken (na voz de Michael Keaton), com cenas impagáveis de engraçadas. O herói memorável, Woody (Tom Hanks), e seu companheiro Buzz Lightyear (Tim Allen), entrando em parafuso algumas horas, pra nossa felicidade.
Como todo bom filme que se preza, ele se define pelo final, emocionante!Fica a lição, como os bons filmes devem deixar...

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Sobre Mercado e autenticidade

Estou extremamente nervosa por causa de uma injustiça que tenho visto ser feita aqui nos nossos meios cinematográficos, em relação a um filme que muito me encantou na Mostra Internacional de São Paulo nesse ano, "I love you Philip Morris" (2009), traduzido como "O golpista do ano" aqui no Brasil. Um filme independente dirigido por duas figuras, John Requa e Glenn Ficarra, os quais eu tive o prazer de assistir em um bate papo quase íntimo na Faap juntamente com o nosso embaixador Rodrigo Santoro, que não estrela, mas tbm está no filme. Tenho lido críticas ferrenhas, e me sinto muito frustrada por que elas não conferem. Penso porém, como desculpa para os tolos, que muito da idéia de um filme começa antes da projeção, na sinopse e na forma como ele é divulgado e posicionado no mercado. O filme é um roteiro adaptado da biografia de um cara um tanto quanto notável, Steven Russell (Jim Carrey), que nos lembra muito a personagem de Leonardo DiCaprio em "Catch me if you can", nesse caso corretamente traduzido como "Prenda-me se for capaz". Como os próprios diretores contaram, para o roteiro eles escolheram focar na história de amor de Steven com seu amante Philip Morris (Ewan McGregor ), daí o nome original do filme "I love you Philip Morris". Por motivos mercadológicos o filme foi vendido - leia-se título e poster - como mais uma comédia de Jim Carrey, co-estrelando Rodrigo Santoro, que mal aparece no filme. Tudo isso junto pode ter estragado essa recepção do filme, que está sendo açoitado em praça pública.





Esse seria o poster correto do filme. Dois atores maravilhosos de Hollywood, que mal receberam cachê e fizeram esse filme por curtirem o roteiro e o cinema indie. Um filme tocante, dramático e com um humor adorável. Ewan McGregor está deslumbrante e irreconhecível no papel da biba sensível. Tremenda injustiça!

Prenda-me se for capaz ("Catch me if you can" - 2002), Direção de Steven Spielberg, com roteiro:Jeff Nathanson, baseado em livro de Frank Abagnale Jr. e Stan Redding. Estrelando Leo DiCaprio e Tom Hanks. Filmão!

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Brasil arrasando

Desde Cidade de Deus não assisto a um filme com um roteiro tão bem '"bolado". Quando se fala de Cinema brasileiro pensa-se em um grande percurso à nossa frente, em matéria de técnica e tradição ainda temos que correr muito atrás, mas talento com certeza não nos falta, e que mesmo assim, como tudo referente à cultura e esporte no Brasil, exige um esforço sobre humano para se fazer valer, e acontecer. Lutamos contra o nosso próprio preconceito, uma vez que nós brasileiros torcemos o nariz para filmes nacionais, não que isso seja despropositado, por que como já disse, ainda temos muito a aprender com os gringos, até mesmo com os hermanos aqui ao lado (vide "O segredo dos seus olhos" da Argentina), mas como uma cultura ascendente que se preze, a nossa cultura cinematográfica vem juntando feras nos últimos anos, muitos sobrevivendo da Publicidade, mas sempre perseverando no sonho do Cinema, trabalhando com o que têm. A inspiração de hoje é "Estômago" (2008), com direção de Marcos Jorge e roteiro brilhante baseado em argumento de Lusa Silvestre e Marcos Jorge, escrito por uma equipe:Lusa Silvestre, Marcos Jorge, Cláudia da Natividade e Fabrizio Donvito. Mais uma vez temos a prova do esforço, mais do que artístico, principalmente técnico do roteiro cinematográfico, um esforço conjunto de aperfeiçoamento, para que se possa chegar ao resultado de um filme, como Estômago. A partir disso temos também uma direção de atores maravilhosa, com o protagonista veterano do Cinema, João Miguel, um coadjuvante surpreendente por Carlo Briani e especialmente uma ótima atriz no papel de par romântico do "Paraíba", "Alecrim","Nonato" e os diversos nomes desse protagonista dessa grande história. Uma trilha sonora muito boa, que dá personalidade ao filme, e ótima fotografia. Mais um dos bons do cinema nacional, pra nos encher de orgulho e irmos aos poucos nos desfazendo desse auto-preconceito.

Ver também: Cidade de Deus (2003), dirigido não somente por Fernando Meirelles, como poucos sabem, é co-dirigido de igual por igual por Kátia Lund que saiu mal na partilha, totalmente esquecida. Roteiro de Bráulio Mantovani, baseado em romance de Paulo Lins. O melhor filme brasileiro dos últimos tempos.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

All about Charlie Kaufmann, all about us!

Freud que estava mais para um cronista que para um psiquiatra, costumava dizer que a partir do pessoal, pode-se tirar grandes descobertas no sentido geral. Foi embasado nessa idéia que ele construiu suas teorias sacramentadas através dos tempos, tais como a teoria da interpretação dos sonhos. Freud interpretava seus próprios sonhos, e através de descrições (muitas das quais, escritas logo no momento em que ele acordava), relacionando-as com sua realidade física e psicológica, para assim formar uma teoria concisa para alguns dos possíveis significados dos sonhos. Muitos o criticam, sua tese foi aperfeiçoada com os tempos, mas o seu ensinamento, que alguns apontam como forjado, é extremamente válido.
Pensando nisso, chego nesse sujeito sagaz aqui embaixo. Charlie Kaufman.





Esse nova iorquino de 50 e tantos anos é o atual tremor consistente das estruturas e dogmas cinematográficos. Esse cara começou a brilhar e foi escolhido uma das 100 personalidades mais influentes de Hollywood, através de seu trabalho como roteirista, profissão pouco (ou nada), glamourosa da industria. Começando com o - pra falar no mínimo - anticonvencional Quero Ser John Malkovich (1999), até a comédia romântica mais louca de todos os tempos: Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças (2004). Charlie Kaufman desconstrói toda a estrutura do roteiro, inventa suas próprias regras, coloca personagens existentes e repetidos no meio da trama, e nos deixa perplexos e loucos com as suas histórias megalomaníacas.
Em meio a toda essa loucura ele fotografa a mais perfeita faceta humana, a nossa natureza egocêntrica. Kaufman não tem medo de assumir o quão obcecado ele é por si mesmo - como todos nós - a ponto de criar um personagem roteirista chamado Charlie Kaufman para seu filme "Adaptação"(2002). Ele nos imputa essa realidade tão forte em nossas vista que chega a doer e nos deixar deprimidos. Os personagens são tão obcecados consigo mesmos, que enlouquecem na busca desse "eu" que nunca encontram. Como todos os autores, temos toques característicos, como a questão da criatividade, da arte, e de como essa busca muitas vezes é extremamente frustrada, e como "clichês" invariavelmente alcançam sucesso (o roteiro do irmão gêmeo de Charlie Kayfman em "Adaptação", por exemplo). Temos com Kaufman uma das locações mais diferentes do Cinema, um andar todo cortado ao meio, por ser o 1/2 de um andar em "Quem quer ser John Malkovitch", onde ele mostrou o grande talento de sua costumeira musa inspiradora, Catherine Keenner, indicada ao Oscar de atriz coadjuvante.

Alguns preferem separar a função de roteirista e diretor, outros acreditam no chamado cinema autoral, onde roteirista e diretor são a mesma pessoa (funciona com Tarantino e Almodóvar). Eu pessoalmente prefiro Charlie Kaufman em pequenas medidas, mas vai a dica de sua estréia como diretor em:
Sinédoque, Nova Iorque (2008) , roteiro e direção Charlie Kaufman, estrelado por Philip Seymor Hoffman, Catherine Keener. Um filme justo, mas bem deprimente.

terça-feira, 8 de junho de 2010

De volta aos clássicos...

O filme da vez é "Uma rua chamada Pecado" (A streetcar named Desire - 1951), direção de Elia Kazan (o mesmo de Sindicato dos ladrões). É sempre bom ver um filme antigo...pelo menos é o que eu acho. Podemos notar a atuação ainda teatral de uma Vivien Liegh (E o vento levou...), já madura nos seus 40 anos e ainda bela e loira. Revisitamos o estilo preto e branco, mesmo quando o technicolor® já pintava muitos filmes e inovava assim como o 3D nos dias de hj, desde "O mágico de Oz". Mas uma coisa permanece, o talento fenomenal de Marlon Brando em ascendência, em seu segundo filme, aos 27 anos de idade, lindo, como só ele foi, e na atuação orgânica e natural que o consagrou. Seu personagem Stanley, mexe com nossos sentidos, bem como mexe com a personagem de Liegh, Blanche Dubois, irmã da mulher de Brando, que se refugia em sua casa, por não ter mais pra onde ir. Stanley é sensual, bruto, e um homem desprezível, da pior espécie, do tipo que faz, como diz Blanche, crueldades gratuitas, e sua cunhada é a que mais paga por isso. Um grande filme, chocante. Na época teve 3 min do corte final censurados, cenas tensas de insinuação sexual às quais hj para a nossa percepção, mal percebemos no filme atual remasterizado e sem censura. Um grande filme.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Closer...

Closer - Perto demais ("Closer"-2004), direção de Mike Nichols, com roteiro de Patrick Marber, baseado em peça teatral do próprio. Um filme excelente com um raio - X potente sob o nosso panorama das relações amorosas, com personagens inesquecíveis, um Clive Owen (Larry) e uma Natalie Portman (Alice) deslumbrantes na frente de Jude Law e Julia Roberts. Sequências especialmente inesquecíveis, como a de abertura do filme, ao som de Damian Rice e a da foto abaixo, dois corações partidos em uma boite vulgar de striptease.



Ver também um dos melhores filmes de todos os tempos, desse diretor subestimado, Mike Nichols. A primeira noite de um homem ("The Graduate" - 1967), roteiro de Calder Willingham e Buck Henry, baseado em livro de Charles Webbcom. Estrelando Anne Bancroft (a eterna Mrs. Robinson) e o estreante Dustin Hoffman.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Adaptação criativa

Finalmente assisti à "Julie e Julia" (Julie & Julia - 2009), com roteiro adaptado de dois livros: Julie & Julia", de Julie Powell, e "My Life in France", de Julia Child e Alex Prud'homme e também direção de Nora Ephron. O filme é estrelado pela recordista do Oscar, Meryl Streep (versátil como poucos desde "As Pontes de Madison" com o rei Clint Eastwood, até atuar em uma das obras do maluco beleza Charlie Kaufmann em "Adptação"), o que já é uma pedida ganha de filme, não conheço um sequer no qual ela trabalhou que não fosse bom ou simplesmente excelente. No téte a tete com a grande atriz, temos a jovem e promissora Amy Adams (Encantada, A dúvida - tbm com Mery Streep), todos sob a tutela não pretensiosa e sensível da diretora Nora Ephron - vi que o nome não me era estranho, e depois confirmei que é a mesma diretora dos clássicos dobradinha com Meg Ryan e Tom Hanks, "Sintonia do Amor" e "Mensagem para você".

A história narra o processo de criação do blog de Julie Powell (personagem de Adams), cuja meta é fazer todas as 524 receitas da maior (em todos os sentidos), cozinheira americana, Julia Child (Streep), no prazo de um ano.
O filme é uma grande aula de adaptação de livro, vidas, e sentimentos para o roteiro cinematográfico. Nora Ephron transcende a costumeira licença poética para, a partir do recorte de Julie Powell, ilustrar a vida de sua guru Julia Child, focando nos anos que a mesma viveu em Paris, aprendendo tudo sobre a culinária francesa, que mais tarde ela popularizou através de seu livro (agora na 49a edição), "Mastering the Art of French Cooking".

O filme tem diversos lances singelos, olhares, sensações e anseios que não são ditos, mas ilustrados belamente, do jeito que o cinema deve ser. Andava com medo dessa onda que prioriza a direção de arte e efeitos 3D no cinema, sentindo uma falta constante de sentimento, e humanidade, bom saber que ainda existem filmes como Julie e Julia e roteiristas como Nora Ephron.