quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Cinema Espetáculo

Um filme é um empreendimento. Mais ou menos 90 minutos caros e muito trabalhosos, produzidos com esmero por uma equipe grande. Além da produção em si, tem-se a pré e a pós produção, que incluem escolha de locações, de figurino, de elenco, depois na produção a direção de arte, direção de atores, fotografia, e na pós montagem, tratamento de imagem, efeitos especiais, tudo isso e mais um pouco não necessariamente nessa ordem. Além disso, existe a promoção desse filme. Cisne Negro (Black Swan -2010), dirigido por Darren Aronofsky, o mesmo de O Lutador (The Wrestler - 2008) - o filme que trouxe de volta o ex-galã de 9 1/2 semanas de amor de 1986 (mais ex do que nunca), em um filme inusitado sobre lutas, família, e amor - é um filme espetáculo. Espetáculo não pelo cenário teatral, do ballet, do glamour e da beleza de Natalie Portman, mas por ser um cinemão com tudo dentro. Um belo produto em matéria de qualidade e publicidade. Quem não ficou louco pra ver o filme por causa dos teasers e cartazes?
Muito já se falou e especulou sobre esse filme, e eu faço coro dizendo que é sim um filmaço, e até então meu preferido ao Oscar para todas as 05 categorias a que foi indicado (filme, atriz, fotografia, diretor e edição. Meu comentário em especial: o filme é um drama dos mais antigos, da dificuldade e confusão que nós meninas passamos para nos tornarmos mulheres. Fora todo o elemento suspense psicológico (algumas têm mais dificuldade afinal), essa é uma história universal.

Direção: Darren Aronofsky
Elenco: Natalie Portman (Nina), Vincent Kessel (Thomas), Barbara Hershey (a mãe), Mila Kunis (Lily), Winona Ryder(Beth)
Roteiro: Andres Heinz e Mark Heyman, baseado em história de Andres Heinz
Música: Clint Mansell
Fotografia: Matthew Libatique - muitas cenas de espelho, dança, fenomenais e icônicas!
Direção de arte: David Stein
Edição: Andrew Weisblum



Para ver mais do diretor: Requiem para um sonho (Requiem for a dream - 2000), direção e roteiro de Darren Aronofsky, baseado em livro de Hubert Selby Jr. O filme narra a derrocada de um casal apaixonado de junkies e a mãe dele. Com Jared Leto, Jennifer Connely e Ellen Burstyn (genial como a mãe viciada em anfetamina para emagrecer).

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Retrospectiva Tarantino

Tem alguns diretores grife, aqueles caras que levam o Cinema pra frente, eu pessoalmente mal consigo esperar por seus próximos lançamentos, e nem preciso ler a sinopse de seus filmes para saber que a escolha é certa, e que eu terei uma experiência inesquecível na projeção. Para tal, gostaria de falar um pouco dos meus autores/diretores/roteiristas preferidos, e pra começar, um cara que é hours concours na cena pop e é adorado por qualquer pessoa que se pretenda cool. Ladys and Gentleman: Quentin Tarantino:

Esse californiano trabalhou em uma locadora em LA e assistiu a todos os filmes que podia, criando uma fixação especial pelos western, trash movies chineses, filmes de artes marciais, entre outros. Junta-se a isso outras obsessões como Elvis Presley o Rei do Rock, hamburgueres, rock and roll, e tudo o que é pop, pés femininos, e temos a genialidade do que hoje conhecemos como o cinema de Tarantino.
Quentin começou como roteirista, vendendo no começo do anos 90 os filmes “Assassinos por Natureza” (Natural Born Killers), que foi dirigido por Oliver Stone e “Amor à queima roupa” (True Romance), dirigido por Tony Scott (irmão de Ridley Scott “Telma & Louise). Com esse dinheiro, ele pôde dirigir o primeiro, e na minha modesta opinião, melhor filme que ele já fez: “Cães de Aluguel” (Reservoir Dogs - 1992). Todo a produção de Reservoir Dogs é um exemplo clássico de Cinema de Guerrilha, aquele empreendimento conjunto que pretende fazer acontecer o filme, mesmo que com pouca verba e prestígio. Ficou mais fácil com a parceria executiva de Harvey Keitel, já um veterano na época, vindo de filmes estourados de Martin Scorcese.
Reservoir Dogs é a base teste para a mente pouco cartesiana de Tarantino e o que passaria a ser caracteristicamente dele. A história em ordem não cronológica, onde personagens vão aparecendo de forma aleatoria. Pode-se falar de várias particulariedades, mas principalmente Tarantino usa a chamada “barriga” como ninguém. Barriga na linguagem tradicional dos screenwriters, são os diálogos que não acrescentam nada à progressão da trama, conversas, e pormenores considerados desnecessários. Em Reservoir Dogs temos uma primeira sequência, em um locação de bar, onde todos esses gangsters perigosos com nomes de cores, comem e bebem e falam, e falam, e falam mais um pouco, dentre eles o próprio Tarantino no papel de Mr. Brown, que explica sua teoria sobre o porquê da história contada na música Like a Virgin da Madonna, dentre outras polêmicas como dar ou não gorjetas...
Dois anos depois, como gosta de fazer, Tarantino explode com Pulp Fiction, que conquista mundo afora indicações e prêmios nos mais conceituados festivais de Cinema (menos o Oscar, que até hoje nunca premiou o diretor/roteirista). Em Pulp Fiction Tarantino tem a proeza, ainda com baixo custo, de juntar super estrelas de Hollywood como Bruce Willis, sua eterna musa Uma Thurman, lançar ao estrelato consistente outras, como Samuel L. Jackson e ainda dar uma bufada de ar fresco em carreiras tidas como decadentes, como aconteceu com John Travolta. O filme marcou a década e o Cinema para sempre com cenas ícone, como a de Mia (Uma Thurman) e Vince Veiga (Travolta), dançando na boate brega com tema hollywoodiano.
Depois de Pulp Fiction ficou fácil, Tarantino foi alavancado na lista dos tops do Cinema daquela geração ao lado de outros gênios como Steven Soderbergh (Sexo, Mentiras e Videotapes), Paul T. Anderson (Boogie Nights), Kevin Smith (Procura-se Amy), Guy Ritchie (Jogos, Trapaças e dois canos fumegantes), que é injustamente conhecido por muitos apenas como marido da Madonna, Sam Mendes (Beleza Americana), dentre muitos outros.
Em 1997 ele lança o talvez menos expressivo de seus filmes,"Jackie Brown", que é uma adaptação de livro e não vem com sua assinatura.
Em 2003 mais uma bomba de sucesso e novidade no Cinema, uma loira fera nas artes marciais e com sede de vingança começa sua saga em Kill Bill – Volume 01. Uma Thurman ainda faz jorrar mais sangue, e em grande quantidade como Tarantino gosta, no ano seguinte com o Volume 02. Já foi anunciado o final da trilogia para 2014.
Em 2005 Tarantino fez participações, dirigindo como convidado uma das histórias do filme de Robert Rodrigues, Sin City e ainda um episódio da série CSI. Em 2007 é lançado nos EUA "À Prova de Morte" (Death Proof), com Kurt Russel no papel principal, mas que só vem aparecer no Brasil em 2010.
Depois de muita espera e especulações sobre seu próximo filme, que seria de época, sobre a 2a Guerra Mundial, estrelando Brad Pitt, as expectativas só subiam, mas com a certeza, pelo menos para mim, de que não poderíamos imaginar o que viria por ai. Bastardos Inglórios em 2009 superou a maioria das expectativas, e nesse caso Brad Pitt não brilhou mais que o ainda desconhecido ator austríaco Christopher Waltz, no papel do antagonista e já histórico Coronel Hans Landa. O filme foi indicado em oito categorias do Oscar, incluindo as principais, de melhor roteiro original, melhor diretor, melhor filme, somente recebendo a estatueta merecidamente de melhor ator coadjuvante para o supra citado Waltz.

Agora nos resta aguardar pelo próximo filme, por mais surpresas, e por mais novidades do nosso já velho conhecido Quentin Tarantino.

Quentin Tarantino atuando como Mr. Brown em Reservoir Dogs

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A experência




Quem somos nós?Uma indagação meio filosófica, meio clichê, meio fora de moda...a grande questão é dialética. O verbo coerente é o estar e não o ser. Nesse momento estamos para determinada situação, determinado cenário ou clima. Poderíamos ser vários, e o somos no decorrer da vida.
Na febre de baixar filmes quando morava na Alemanha, com a ajuda da Internet veloz que o fazia em menos de 20 minutos, deparei-me com "A Experência" (Das Experiment - 2001), direção de Oliver Hirschbiegel. Não sabia nada do filme, e logo no começo fui interessando-me por esse personagem calmo, meio misterioso interpretado por Moritz Bleibtreu (Corra Lola, Corra!), um dos melhores atores alemães da nova geração, juntamente com Daniel Brühl (Adeus Lenin!). O filme encaminha-se de forma descontraída, Tarek (Bleibtreu), é um desempregado, que precisa de dinheiro e junto com outros homens que têm por fim o dinheiro ou outras formas de afirmação, aceita participar de um experimento de 15 dias, recebendo determinado valor por dia. A experiência do título, consiste em um cárcere monitorado por câmeras, onde esses 24 homens seriam divididos entre guardas e presos, regidos por regras de conduta para bem conviver até o final, e ai sim retirarem seus cheques se tudo corresse bem. Não é muito bem o que acontece.
Não vou falar muito mais do filme, mas é interessante imaginar como reagiríamos em uma situação limite. Qual a nossa personalidade crua, quando vestimos as mesmas roupas que muitos? Quando não existe diferença social? Quem realmente somos na origem. Fiquei imaginando tudo isso muito tempo depois de assistir a esse filme no começo de 2009. Hoje, dois anos depois pude assistir à versão americana, Detenção ("The Experiment" - 2010), direção de Paul Scheuring, estrelado por Adrien Brody (O pianista), e Forrest Whitaker (O último rei da Escócia). Não consigo dizer qual dos dois filmes é melhor, ambos retratam bem, na medida cabível cinematográfica esse experimento verídico conhecido como "Experimento de Aprisionamento de Standford", feito em 1971 nos EUA. Só digo uma coisa, tem que ter estômago.