quarta-feira, 16 de junho de 2010

All about Charlie Kaufmann, all about us!

Freud que estava mais para um cronista que para um psiquiatra, costumava dizer que a partir do pessoal, pode-se tirar grandes descobertas no sentido geral. Foi embasado nessa idéia que ele construiu suas teorias sacramentadas através dos tempos, tais como a teoria da interpretação dos sonhos. Freud interpretava seus próprios sonhos, e através de descrições (muitas das quais, escritas logo no momento em que ele acordava), relacionando-as com sua realidade física e psicológica, para assim formar uma teoria concisa para alguns dos possíveis significados dos sonhos. Muitos o criticam, sua tese foi aperfeiçoada com os tempos, mas o seu ensinamento, que alguns apontam como forjado, é extremamente válido.
Pensando nisso, chego nesse sujeito sagaz aqui embaixo. Charlie Kaufman.





Esse nova iorquino de 50 e tantos anos é o atual tremor consistente das estruturas e dogmas cinematográficos. Esse cara começou a brilhar e foi escolhido uma das 100 personalidades mais influentes de Hollywood, através de seu trabalho como roteirista, profissão pouco (ou nada), glamourosa da industria. Começando com o - pra falar no mínimo - anticonvencional Quero Ser John Malkovich (1999), até a comédia romântica mais louca de todos os tempos: Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças (2004). Charlie Kaufman desconstrói toda a estrutura do roteiro, inventa suas próprias regras, coloca personagens existentes e repetidos no meio da trama, e nos deixa perplexos e loucos com as suas histórias megalomaníacas.
Em meio a toda essa loucura ele fotografa a mais perfeita faceta humana, a nossa natureza egocêntrica. Kaufman não tem medo de assumir o quão obcecado ele é por si mesmo - como todos nós - a ponto de criar um personagem roteirista chamado Charlie Kaufman para seu filme "Adaptação"(2002). Ele nos imputa essa realidade tão forte em nossas vista que chega a doer e nos deixar deprimidos. Os personagens são tão obcecados consigo mesmos, que enlouquecem na busca desse "eu" que nunca encontram. Como todos os autores, temos toques característicos, como a questão da criatividade, da arte, e de como essa busca muitas vezes é extremamente frustrada, e como "clichês" invariavelmente alcançam sucesso (o roteiro do irmão gêmeo de Charlie Kayfman em "Adaptação", por exemplo). Temos com Kaufman uma das locações mais diferentes do Cinema, um andar todo cortado ao meio, por ser o 1/2 de um andar em "Quem quer ser John Malkovitch", onde ele mostrou o grande talento de sua costumeira musa inspiradora, Catherine Keenner, indicada ao Oscar de atriz coadjuvante.

Alguns preferem separar a função de roteirista e diretor, outros acreditam no chamado cinema autoral, onde roteirista e diretor são a mesma pessoa (funciona com Tarantino e Almodóvar). Eu pessoalmente prefiro Charlie Kaufman em pequenas medidas, mas vai a dica de sua estréia como diretor em:
Sinédoque, Nova Iorque (2008) , roteiro e direção Charlie Kaufman, estrelado por Philip Seymor Hoffman, Catherine Keener. Um filme justo, mas bem deprimente.

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