quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Os perigos da auto homenagem

Se me perguntarem que nota eu dou para o filme Django Unchained (2012), o mais novo longa metragem da lenda Quentin Tarantino, estrelado por Jamie Foxx, Christopher Waltz, Leonardo DiCaprio e Samuel L. Jackson, eu diria que dou 5. Quem acompanha esse cara desde Cães de aluguel (1992), passando por Pulp Fiction (1994), quem ainda tem aquela vaga lembrança do êxtase e das cenas mitológicas que fizeram de Bastardos Inglórios (2009), agora posso dizer, o auge da maturidade e da genialidade desse quase cinquentão, acaba sim ficando decepcionado com Django. Eu pessoalmente acompanhei todas as prévias desse filme, desde que começaram a mencionar que ele estava sendo feito. Um filme com selo Tarantino não é qualquer coisa, eu já falei sobre ele em outros posts (leia também: http://migre.me/cXLxA), o cara leva a coisa do cinema a sério, até agora. Sem querer ser apocalíptica, mas eu não pude deixar de sentir que Django fica do começo ao fim tentando cumprir uma certa promessa, e então ele acaba. É preciso muito desprendimento, e melhor despretensão para que o autor/diretor consagrado não acabe caindo na auto homenagem, e nesse filme eu senti que o nosso querido Quentin estacionou em um momento, bateu na tecla dos protagonistas "badasses" engraçados - e quem sou eu para dizer que essa fórmula é ruim - um triunfo dele, mas não saiu dali, ficou me parecendo que ele pegou o esqueleto de seus filmes, chacoalhou e jogou em um cenário western. A trilha está maravilhosa sem dúvida, Jamie Foxx está deslumbrante (as mulheres hão de concordar), mas nada muito excepcional como vimos em outros filmes, como ele estrelou em "Ray" (2004) por exemplo, o personagem de Christopher Waltz, o eterno coronel Hans Landa, parece fazer jus ao mito, e em muitos momentos tropeça em cacoetes nostálgicos do grande vilão de Bastardos Inglórios. A razão pela qual eu escolhi colocar uma única foto nesse post, a do vilão Monsieur Candie por DiCaprio, é simplesmente por que se algo brilha além dos dentes brancos de Django, talvez a melhor razão para assistir a esse filme, é para no segundo ato se deparar com esse ser maravilhoso criado por Tarantino e divinamente encarnado por esse que pra mim é o cara de Hollywood, cresceu, naufragou no Titanic, ficou um tempo na Praia, encontrou-se com Scorcese, o que só fez bem pra ele, e agora com Tarantino alcança seu auge. Vale a pena conhecer monsieur Candie, já Django, há controvérsias.

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