domingo, 11 de dezembro de 2011

O mal julgamento

Pasteurização. Nome dado ao processo criado pelo cientista Pasteur para livrar alimentos de microorganismos patogênicos, ultimamente usado em nossas bebidas, principalmente na familiar cerveja de todo dia, extendendo assim a vida útil do líquido que pode ser comercializado sem risco de estragar e chegar geladinho sob nossas mesas religiosamente toda semana depois de um dia de trabalho. Hoje eu assisti a um filme pasteurizado. As comédias românticas são sinônimo de algo leve, até superficial a ser visto por meninas carentes comendo brigadeiro na colher durante uma sexta-feira solitária. Isso não está de tudo errado, já que esta menina que vos fala assistiu à tentantiva de um desses filmes só que em um domingo carente com pizza. A grande questão é, essas comédias românticas tratam de um assunto central, o amor, e como diria meu professor de criação, se tratar do tema amor é superficial então por favor, vamos nos matar, por que o que mais importa na vida?
Eu ando frustrada por não conseguir acompanhar a torrente de filmes com potencial sendo lançados, e também por não conseguir ir ao cinema, mas hoje achei um tempo para um desses filmes, e eu dificilmente erro meu julgamento, com algumas exceções...O potencial do filme "Como você sabe" (How do you know - 2011), para mim está no diretor e roteirista James L. Brooks, um cara que eu pessoalmente idolatro. Brooks é um dos criadores, produtores e roteiristas da série Simpsons, ele também escreveu e dirigiu um dos melhores filmes que eu já vi "Melhor é impossível". Temos o tema comédia romântica, levando em consideração algo em voga, pessoas em crise existencial, (eu vi o trailer), temos também Reese Whitherspoon (Legalmente Loira), Owen Wilson (Meia noite em Paris), Paul Rudd (o simpático namorado da Phoebe), e finalmente para trucar 12 de cara, Jack Nicholson. Não tem erro, certo?Errado.
Há vários fatores que fazem o filme andar, eu diria que os principais são roteiro e direção, e durante as quase duas horas eu fiquei tentando entender o que não funcionava, e o pior, como não funcionava. Demorei um tempo para finalmente assumir derrotada que Brooks havia fracassado ambos no roteiro e na direção dos atores que tinha em mãos.
Uma ideia ainda mais avassaladora me acompanha ainda nesse momento pós filme, um filme sem abraço forte, sem beijão, sem chacoalhão, e enfim, o que acontece com todo o maravilhoso drama da vida?Por que vivemos nessa analise psicologica constante, por que tentamos ser compreensivos, dar uma chance, e achar que estamos sempre perdendo alguma oportunidade com alguém?Por que buscamos o pasteurizado, o comercializado em grande quantidade ao invés do único, do essencial, da paixão? Por que tudo serve? Esse filme é o grito desse tempo amorfo e sem química que eu vejo nas nossas relações amorosas diarimamente.
Somos todos limpinhos, e muito muito educados, acontece que esse é um filme muito chato de se ver, e de viver.

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