terça-feira, 14 de setembro de 2010

Memento

Tive uma aula de arte cinematográfica, e devo isso ao há pouco citado Christopher Nolan (A Origem – 2010), com seu “Amnésia” (Memento - 2001), com roteiro e direção do mesmo. O Cinema já completa mais de cem anos de história e tem evoluído como poucas artes o fizeram, se for pensar nesse pouco tempo de existência, talvez muito pelo fato de ser uma arte híbrida que surge da junção de muitas outras como teatro, pintura,literatura, fora o seu caráter extra de Mídia. No cinema, bem como na literatura, há a técnica metonímica da parte pelo todo. Nos livros alguns detalhes vão se mostrando aos poucos até que se forme o quebra-cabeça original do enredo, subjetivamente formado por cada um dos leitores. Em Cinema (do tipo original), conta-se a história através de imagens, pequenos gestos propositalmente deixados na tangente para que o nosso olhar superestimado se direcione para esse instante em especial, na certeza de ter captado por talento um lance único para compreensão da história, que na verdade é propositalmente programado pelo diretor ou roteirista do filme. O cinema tem muito dessa característica complementar, um jogo que se joga em equipe. Um gesto, uma risada, uma palavra que marcam uma história como ícone, podem ser espontaneamente alcunhados pelo ator, pelo diretor, ou serem previamente descritos pelo roteirista dentro da cena. Em Amnésia, como em todos os chamados filmes de autor, que são escritos e dirigidos pela mesma pessoa, fica difícil não ter certeza sobre quem se deve atribuir esses pequenos detalhes importantes. Já disse antes, Nolan tem uma mão extremamente despretensiosa em suas ilustrações, movimentos leves nas atuações, que por isso tornam-se ainda mais críveis, nesse que é um filme experimental, que vai do fim pro começo, meio e começo de novo, seguindo esse herói sem memória recente, Leonard, muito bem feito pelo Guy Pearce, pede que nós como voyeurs que somos, tenhamos paciência para espreitar o verdadeiro fio que puxa essa história. Ai que entra o meu comentário extenso sobre Cinema e o mostrar sem ficar descrevendo tudo. Sou muito simpática ao que se chama Voice Over (é a narração que acontece simultaneamente à ação que acontece no filme, pode ser do protagonista, ou e uma pessoa de fora), de Charlie Kaufman (Quero ser John Malkovitch, Adaptação), mas é sempre bom rever o cinema que se conta através das velhas fotos que se movimentam, ao modo que começou.

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