terça-feira, 17 de agosto de 2010

Eu x Alain Resnais

Para nós bons admiradores do Cinema Arte e ao que já se infere disso, dos franceses, quando assistimos a alguma de suas obras, sentimos uma certa "obrigação" de gostar daquilo, por que os caras são gênios consagrados, laureados de glórias, enquanto nós continuamos a nos contentar com um ou dois DVDs por semana, um blog sem grandes pretensões, e algumas conversas de bar, nós aqui, os atrasados do Brasil. Dentro de toda essa complexidade artístico cinematográfica e subjetiva, aluguei "Medos privados em lugares públicos" (2006), com direção de Alain Resnais, e roteiro de Jean-Michel Ribes, baseado em peça teatral de Alan Ayckbourn. Sentei no meu sofá, peguei uma xicara de chá e comecei a assistir ao filme na quarta a noite. Vinte minutos....mais um pouco..e depois de piscar pesadamente os olhos três vezes, resolvi tentar no próximo dia. Quinta-feira, mais dez minutos, sono, cansaço, fui dormir. O filme possui aquela característica já tida como "europeia" da ação guiada pelas personagens, aqueles diálogos frequentes, encontros, desencontros, digressões, etc. Ele tinha também um detalhe peculiar, na edição de imagens. Como se passa no inverno parisiense, TODA transição de cena, ao invés do tradicional corte seco dos filmes contemporâneos - aquele corte que nem parece corte, por que apenas junta cenas imperceptivelmente -tinha a neve caindo em troca, isso mesmo, neves caindo levavam uma cena a outra....Mas, pensei comigo, é um filme de Resnais, o diretor de Hiroshima meu amor, um filme ícone do pós Guerra, genial, eu precisava tentar mais.
Voltei para a minha cidade do interior, aconcheguei-me no grande sofá da casa dos meus pais, e coloquei novamente Resnais, confiante na Arte, e dessa vez eu dormi ali mesmo. Decidi que não tentaria mais ver o filme. Mantive-me firme em minha convicção e senso crítico e pensei comigo mesma: "Puta filme chato!"

Um Resnais que vale a pena: "Hiroshima meu amor" ("Hiroshima mon amour" - 1959), com roteiro de Marguerite Duras. Sobre um romance relâmpago entre uma francesa e um japonês, ambos casados. A paixão, a nostalgia e o caos pós guerra se misturam nesse diálogo amoroso transcendental.

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