Pasteurização. Nome dado ao processo criado pelo cientista Pasteur para livrar alimentos de microorganismos patogênicos, ultimamente usado em nossas bebidas, principalmente na familiar cerveja de todo dia, extendendo assim a vida útil do líquido que pode ser comercializado sem risco de estragar e chegar geladinho sob nossas mesas religiosamente toda semana depois de um dia de trabalho. Hoje eu assisti a um filme pasteurizado. As comédias românticas são sinônimo de algo leve, até superficial a ser visto por meninas carentes comendo brigadeiro na colher durante uma sexta-feira solitária. Isso não está de tudo errado, já que esta menina que vos fala assistiu à tentantiva de um desses filmes só que em um domingo carente com pizza. A grande questão é, essas comédias românticas tratam de um assunto central, o amor, e como diria meu professor de criação, se tratar do tema amor é superficial então por favor, vamos nos matar, por que o que mais importa na vida?
Eu ando frustrada por não conseguir acompanhar a torrente de filmes com potencial sendo lançados, e também por não conseguir ir ao cinema, mas hoje achei um tempo para um desses filmes, e eu dificilmente erro meu julgamento, com algumas exceções...O potencial do filme "Como você sabe" (How do you know - 2011), para mim está no diretor e roteirista James L. Brooks, um cara que eu pessoalmente idolatro. Brooks é um dos criadores, produtores e roteiristas da série Simpsons, ele também escreveu e dirigiu um dos melhores filmes que eu já vi "Melhor é impossível". Temos o tema comédia romântica, levando em consideração algo em voga, pessoas em crise existencial, (eu vi o trailer), temos também Reese Whitherspoon (Legalmente Loira), Owen Wilson (Meia noite em Paris), Paul Rudd (o simpático namorado da Phoebe), e finalmente para trucar 12 de cara, Jack Nicholson. Não tem erro, certo?Errado.
Há vários fatores que fazem o filme andar, eu diria que os principais são roteiro e direção, e durante as quase duas horas eu fiquei tentando entender o que não funcionava, e o pior, como não funcionava. Demorei um tempo para finalmente assumir derrotada que Brooks havia fracassado ambos no roteiro e na direção dos atores que tinha em mãos.
Uma ideia ainda mais avassaladora me acompanha ainda nesse momento pós filme, um filme sem abraço forte, sem beijão, sem chacoalhão, e enfim, o que acontece com todo o maravilhoso drama da vida?Por que vivemos nessa analise psicologica constante, por que tentamos ser compreensivos, dar uma chance, e achar que estamos sempre perdendo alguma oportunidade com alguém?Por que buscamos o pasteurizado, o comercializado em grande quantidade ao invés do único, do essencial, da paixão? Por que tudo serve? Esse filme é o grito desse tempo amorfo e sem química que eu vejo nas nossas relações amorosas diarimamente.
Somos todos limpinhos, e muito muito educados, acontece que esse é um filme muito chato de se ver, e de viver.
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Há 12 anos
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